A história que será contada
aqui relata um caso de sumiço de várias garotinhas em um interior do norte do
Brasil. O alvo principal do sequestrador era meninas entre dezesseis e dezoito
anos.
Apesar de ser um conto popular, pois as moças nunca voltavam
para detalhar e afirmar o fato, tudo que será contado aqui jamais poderá ser
questionado e averiguado. Caso você questione, o pior pode acontecer com você;
e caso você queira, por uma impertinente intriga que lhe apossua, averiguar o
caso, você será mais uma vítima do homem da camisa e chapéu cor de rosa.
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Interior do Pará. 1923.
Maria, filha de dona Lucinéia, era a mais nova das cinco
irmãs. Adorava um baile e uma festa de São João. Era conhecida como a
namoradeira da cidade. De fato, a menina era demasiada linda. Possuía um lindo
cabelo encaracolado que cobria a sua face vermelha como a cor do jambo. Todos
os homens da cidade já lhe haviam pedido em casamento, porém a moça negava ao
pedido de todos. Dizia que era jovem demais para se casar, e de fato era.
No entanto, havia um jovem que jamais lhe havia pedido em
casamento por ser demasiado tímido. O jovem chamava-se Francisco, mais
conhecido como Chico da Carroça. Este daria até a sua vida pela a linda Maria.
No dia de São João, comemorado do dia 24 de junho, houve uma
pequena festa na cidade que ficou marcado para sempre.
No aglomerado de pessoas que dançavam e curtiam as músicas
de São João, Maria enxergou um lindo jovem que apreciava uma fogueira que
estava montada bem no núcleo da festa. De súbito, Maria se apaixonou pelo o
rapaz que estava vestido de rosa e possuía um chapéu da mesma cor que a roupa.
O homem percebeu que estava sendo encarado por alguém. Diretamente seus olhos
se dirigiram para a moça que se assustou com o relance do rapaz. Este lhe fez
um aceno e seu aceno lhe foi bem correspondido, pois a moça se dirigiu na
direção do rapaz.
Conversaram por uns instantes e logo se afastaram da
multidão.
- Você quer ir para um lugar mais calmo, minha deusa? –
Perguntou ele.
- Sim. – Disse ela.
Porém, os dois não
sabiam que estavam sendo avistado pelo o jovem Chico da Carroça. Este os
perseguiu.
Um ciúme inaudito tomou conta do rapaz. O jovem, que
segurava a mão da moça era, de fato, um príncipe perto do humilde e rústico
Chico da Carroça.
Maria e o estranho homem dirigiam-se para um rio que se
localiza ao norte da cidade.
- O que será que ele quer comigo? – Perguntou-se a moça. –
Vou até o fim com isso. Ele vale a pena. Deve ser endinheirado.
Cruzaram um caminho nunca antes transitado. A mata virgem
soltava seu odor por nunca serem pisoteadas. A escuridão era a única vista dos
dois.
A paixão de Maria oscilou por uns instantes, mas assim que
eles chegaram no rio, o homem deu um beijo que lhe tirou todo o receio de lhe
seguir. Maria, por conselhos de sua mãe e do povo supersticioso, por diversas
vezes tinha tentado tirar o chapéu do moço, mas este sempre lhe repelia.
Durante o longo beijo do casal, Chico da Carroça apareceu e teve
uma reação que nem ele mesmo esperava. Gritou desesperadamente o seguinte:
- Você nem conhece ele, Maria! Cuidado!
- Égua, moleque. Cai fora daqui! – Disse Maria.
Chico da Carroça se sentiu desprezado pela a moça. Afastou-se
por uns metros, mas uma intuição lhe pedia para voltar.
Ao se aproximar novamente do rio, Chico da Carroça
vislumbrou uma cena terrível:
O estranho homem começou a sofrer uma mutação que Chico da
Carroça denominou como demoníaca. As vestes do homem foram todas rasgadas e seu
corpo possuía uma massa lisa e pastosa. Sua cabeça ficou do formato de um
golfinho e seus membros superiores e inferiores viraram barbatanas. Maria
gritou desesperadamente, porém tarde demais, pois o animal a havia levado para
o fundo do rio para de lá nunca mais voltar.
Chico da Carroça correu para salvar a sua amada, porém foi
tarde demais.
Por Patrik Santos
Por Patrik Santos
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