segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Anjo Abnegado




O amor é mesmo incondicional. Eu nem dava motivos para aquela moça ame amar. Ao contrário: eu só dava motivos para ela me odiar.

E, apesar de não dar motivos, ela me perseguia.

Porém, ela nunca se aproximava de mim para expor os seus sentimentos; só mantinha a distância e ficava me fitando com certo sentimento de veneração.

 Sua aparência não era uma aparência que me aprazia. Não vou contar seus defeitos físicos, pois acredito que isso não lhes convém; só afirmo que ela tinha uma aparência horrenda. Deus que me perdoe de dizer isto.

Eu e meus amigos sempre a humilhávamos e fazíamos dela um divertimento cotidiano. Aquela garota passava por diversos constrangimentos.
 E, apesar de tanta humilhação, aquela moça não sentia raiva de mim, muito pelo o contrário, o seu amor só crescia.

Um dia, ao retornar para casa, um acidente ocorreu a uns quinze metros de mim. Corri para acudir a vítima, pois o carro que bateu fugiu sem prestar socorro. Ao examinar a vítima, notei que era aquela moça que tanto me admirava. Em sua mão direita, que encontrava semiaberta, havia uma carta espirrada de sangue que dizia o seguinte:

“ Perdoe-me por nunca expressar os meus sentimentos por você. Na verdade não sei se um dia terei. É por isso que estou lhe escrevendo esta carta, e hei de entregar hoje para você. Sempre você sai junto com seus amigos, mas quando eles se afastarem de você, irei correndo para entrega-la em suas mãos”.

Ass: sua admiradora revelada.

Li aquela carta com muito pesar. Foi triste saber que quando ela correu feliz para me entregar aquela carta, um carro veio e lhe tirou a vida tão prematuramente.

Depois daquele dia, várias vezes seu espirito me apareceu. Em minha casa, à noite, eu sempre me espantava com um peso pousando na minha cama. Era ela que sentava ao meu lado e me guardava como um anjo da guarda. Quando eu ligava o abajur, ela desaparecia.

Ela continuava me perseguindo até em sua morte.

Numa noite, em que ela estava prostrada em minha cama, eu disse-lhe o seguinte:

“ Perdoe-me por ter sido um injusto com você. Eu sempre me lembrarei de ti. Agora vá com Deus, meu anjo da guarda”.

Depois daquele dia ela nunca mais apareceu. Perdi um anjo.

Por Patrik Silva












2 comentários:

  1. nossa...tão triste,quantas vezes desprezamos as pessoas sem ao menos
    lhes dar a chance de dizer o que elas sentem por nós.

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  2. É verdade, Gleyci;
    Muito obrigado por opinar
    bjosssssss

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